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Foto do escritorINSTITUTO FLÁVIO LUCE

ORGANIZAÇÃO DO V EGATESPO: UM DESAFIO DE CONTINUIDADE

POR FERNANDO MOLINOS PIRES FILHO

“Somos assim.

Sonhamos o vôo, mas tememos a altura.

Para voar, é preciso ter coragem para enfrentar o terror do vazio.

Porque é só no vazio que o vôo acontece.

O vazio é o espaço da liberdade, a ausência de certezas.

Mas é isto que tememos: o não ter certezas. As gaiolas são o lugar onde as certezas moram


(Poema atribuído a Rubem Alves em uma obra chamada infinito na palma da sua mão”.)


Como é do conhecimento de todos, a pandemia da Covid 19 que assola o mundo determina uma situação de verdadeira catástrofe existencial desorganizando todos os campos de nosso viver e as nossas tradicionais formas de pensar e agir. Nessas condições de toda ordem impedimentos se impõem a nossos projetos, ocupando-nos de buscar respostas e formas, de uma parte, de enfrentamento e prevenção a esse fenômeno e, de outra, de dar continuidade à vida, o que compõe uma equação de difícil solução.


Compreendemos que é nesse campo que se coloca o desafio que assumimos de dar continuidade a organização do nosso V EGATESPO, inicialmente pensado para realização no ano em curso (2020), mas em função desse quadro existencial, em dado momento, transferido para 2021, em data a ser definida em função do acompanhamento dessa situação de impedimento.


É exatamente nesse contexto que entendemos se coloca a mensagem dos colegas de Santa Maria, postada dia 4 de agosto deste 2020 no Grupo EGATESPO do Whats, constituído para facilitar a comunicação entre colegas que vem participando da organização desse Evento.


Assim, compreendemos e nos solidarizamos com o informe/convite que nos apresentam os colegas de Santa Maria.

O fato nos oportuniza relembrar a trajetória dessa iniciativa de realização do V EGATESPO, chamada pelo Instituto Flavio Luce, cuja principal característica de construção foi - e continua sendo - a de fazê-lo, participativamente, pela base de nosso, ainda incipiente movimento de reorganização sócio,/técnico/ político da saúde bucal coletiva, no Rio Grande do Sul.


Nesse sentido é importante destacar que todo esse esforço referencia-se em cinco propósitos reafirmativos:


1 – Reafirmar, nesse processo de construção, a mais absoluta transparência, de forma a permitir e estimular a mais ampla participação de todos que se colocam no campo da luta para ganharmos organização e fundamentar um protagonismo forte e o mais efetivo possível na dinâmica que a realidade nos impõe;

2- Reafirmar o quanto a realização do Evento EGATESPO guarda coerência com o propósito de reconstrução do movimento de saúde bucal coletiva em nosso Estado e integra-se a programação de trabalho do Instituto Flavio Luce;

3 – Reafirmar que o processo de reconstrução desse movimento assume-se com a perspectiva de estimular o protagonismo de nossa categoria profissional que só pode se efetivar calcado na prática da ação e não apenas pelo processo formativo teórico sem desconsiderar sua essencialidade;

4– Reafirmar que esse processo sempre se dará fundamentado pela perseverança no desejo utópico de lutar pela conquista de uma sociedade mais justa, solidária e humanizante, o que só é possível pela superação dos desafios sempre presentes na realidade, também, sempre adversa àqueles que colocam sua transformação como responsabilidade de um agir profissional cidadão coletivo, o que caracteriza o EGATESPO como Evento estratégico dessa intencionalidade.

5 – Reafirmar a necessidade de constante e permanente análise da conjuntura como instrumento de redesenho de nossa estratégia de intervenção, não fazendo de cada obstáculo à ação um ponto final de impedimento à conquista do aparentemente impossível, que por vezes as condições objetivas nos impõem e nos dão a impressão de o ser.


Em resumo não desistir nunca e fazer de cada ação possível a forma de enfrentamento dos desafios reais. Momentos de uma utopia, entendida como desafio de um impossível/possível de ser alcançado.


Nesse contexto, não tem sido fácil decidir, no que nos cabe, tanto sobre as grandes questões de gerenciamento da crise instalada, como aqueles de menor amplitude, mas de enorme significado sobre nosso agir particular e sócio/político, na qual se enquadra nosso projeto de realização do V EGATESPO que estava em pleno processo de preparação desde antes da instalação da Pandemia.

Frente a isso o que fizemos?


Como tem sido o comportamento de todos, tentamos continuar, até nos darmos conta de impossibilidades reais que nos levaram, à medida que esse quadro se agravava, a tomar decisões, sem antes ouvir opiniões, discutir e ponderar sobre o que fazer. Prática que devemos continuar preservando em nosso agir coletivo.


Desistimos? Não. O que fizemos, então?


A princípio, também como todos tem feito, adiamos decisões, para, em momentos subsequentes, tomá-las, mesmo que significassem nos render em pontos e questões cruciais dessa organização para garantir a sequência de nossas empreitadas. Em nosso caso: a definição do momento de sua realização.

Inicialmente, na primeira reunião de organização do Evento pensado para o mês de maio de 2020, com duração de três dias, sem precisão da data, na terceira reformatada e reduzida para dois nas datas de 29 e 30, desse mesmo mês.


Em um segundo momento, foi necessário reconhecer que isso também se tornava inviável o que nos levou a decidir por sua realização em 2021 em data a ser posteriormente definida, a medida que julgássemos ter se criado as condições para tal decisão, fato publicado pela Coordenação do Instituto em um texto postado em nosso Grupo Egatespo em 24.06.2020 e reproduzido no Blog do Instituto, nessa mesma data *


Essa é a situação em que nos encontramos. Mas, também, e paralelamente entendemos que, enquanto tal não se viabilizasse, tentaríamos continuar nos ocupando de algumas tarefas preparatórias com dois objetivos:


- o primeiro, manter acessa a chama da não desistência de realização do Evento, de forma a garantir continuidade do processo de mobilização que havia sido iniciado,

- o segundo de enfrentar desafios que, de qualquer forma, quando da realização do evento, teremos de enfrentar e cuja implementação, em nosso entendimento, com alguns esforços, possíveis de serem encaminhados.

Esses propósitos e desafios vêm sendo devidamente apresentados e justificados em postagens no nosso Grupo EGATESPO do facebook.

A frente, outro encaminhamento, de pronto acolhido, foi feito e apresentado no GRUPO EGATESPO no Whats, sugerido pelos Colegas de Santa Maria, Tratava-se da realização de um Evento virtual, seguindo um caminho que, frente ao quadro epidêmico, vem sendo trilhado por outros movimentos e entidades, em todos os espaços onde a comunicação entre as pessoas se fazem necessárias, mas prejudicas pela medida de isolamento social, como ocorre, também, no caso do evento nacional – o ENATESPO.


Esse Projeto, de imediato, recebeu algumas sugestões de participantes do movimento que foram organizadas e apresentadas aos colegas, na perspectiva de que se colocaria na mesma direção da que vínhamos adotando, ou seja, mesmo em situação de impedimento não parar totalmente. Assim, acreditamos, ainda, na viabilidade de sua realização.


Nesse contínuo de resistência ao agir, mais recentemente, tomamos conhecimento de que a FAPERGS em Edital abria a inscrição para a apresentação de propostas de apoio a eventos, o que nos pareceu uma oportunidade de nos candidatarmos, o que, em caso de sucesso, representaria importante respaldo ao enfrentamento de necessidades de recursos de custeio a realização do V EGATESPO, mais uma vez, em 2021 em data a ser pretensamente e presumivelmente possível de ser definida.

Todavia, para apresentação do Projeto a FAPERGS teríamos de oferecer alguma sinalização concreta de data ainda que, posteriormente, precisássemos novamente ajustá-la o que não inviabilizaria a submissão de julgamento dessa demanda de apoio.

Com tal intenção contatamos por telefone com a Colega Beatriz Unfer da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Santa Maria, na medida em que uma exigência do Edital é que a atividade passível de apoio precisaria estar vinculada a um programa de pós graduação da (s) Instituição em que se realizaria a atividade, o que a princípio não poderia ser assumido pelo Instituto Flávio Luce, dado seu caráter de movimento e não de instituição formal.


Em relação a esse contexto entendemos a mensagem informe/convite apresentada pelos colegas do grupo local de organização do V EGATESPO, como um momento importante de inflexão conjuntural que nos oportuniza e nos leva a conveniência de continuidade em nossa prática de reflexão/ação, que temos adotado em nosso caminhar, na linha da conhecida afirmação aos caminhantes: “Não há caminhos. Os caminhos se fazem ao andar.”, na medida em que aponta o agravamento da conjuntura e impossibilidade de fixação de data para a realização do Evento.


Na mensagem os Colegas a par de exporem, com clareza, as consequências e novos encargos decorrentes do agravamento da pandemia esclarecem que:


“ ...neste momento torna-se inviável retomarmos a programação que havíamos planejado antes da mudança o cenário mundial, nacional e local. E que não há condições, neste momento de sinalizar com uma data provável para a retomada do planejamento do evento. Esperamos que, diante de um cenário mais favorável , ao qual não podemos indicar uma data específica, possamos novamente nos reunir e planejar o encontro dos administradores e técnicos do serviço público odontológico do RS. Um abraço a todos.”


Uma desistência?


Não! Em nosso entendimento, absolutamente, não!


Em primeiro lugar, uma constatação clara que reafirma que, neste momento conjuntural, se estabeleceu, concretamente, uma situação deveras aguda pelas consequências da forma como, ainda, evolui a pandemia, cujos reflexos perdurarão, ainda, por algum tempo, mesmo após a termos vencido, pelo menos em sua acelerada marcha ascendente, o que determina a necessidade de uma parada para se ganhar fôlego e condições para continuar.


De outra parte, a mensagem é uma reafirmação de que:

“diante de um cenário mais favorável , ao qual não podemos indicar uma data específica, possamos novamente nos reunir e planejar o encontro dos administradores e técnicos do serviço público odontológico do RS.”


Novamente, entendemos e nos solidarizamos com as dificuldades que a realidade impõe aos colegas mas, não podemos simplesmente lhes dizer isso, pois estaríamos entendemos que estão apenas nos comunicando, quando em verdade, também nos convidando a continuação do dialogo ao dizer ao inicio de sua mensagem que:


“O grupo de apoio e organização do EGATESPO/Santa Maria2020 gostaria de compartilhar suas reflexões e opiniões a respeito da organização do evento.”


Ou seja, temos todos de parar mas, não, parar de pensar e dialogar sobre o que precisamos e podemos estrategicamente continuar fazendo, o que estamos tentando estimular com estas considerações.


Isto posto, como compreensão do momento e guardando coerência com o que vimos dizendo e fazendo, consideramos conveniente reavaliar a caminhada histórica que construímos, o que prometemos apresentar, em outro documento, o mais brevemente possível. Nele procuraremos fazer o resgate histórico dos fatos e providências que, ao longo desse processo, foram tomados e que continuam sendo objeto de nossos cuidados e aperfeiçoamentos.


Pensamos que isso, para alem de nos ajudar a ganhar a exata dimensão de nossa força e disposição, na medida em que a realidade da pandemia já esta suficientemente revelada em si como fenômeno expressão do viver e como um desafio em seus impedimentos, pode se constituir em testemunho do aqui relatado, ajudando-nos a dirimir dúvidas e nos ajudar a refletir sobre possíveis encaminhamentos a continuidade de nossos agires, como resposta efetiva e reafirmativa aos cinco propósitos a que anteriormente nos referimos como norte de nossa prática militante.


Nessas circunstâncias entendemos que para além dos sete desafios que já configuramos nas mensagens no Grupo EGATESPO no whats o que na verdade se coloca a nós é um novo desafio. Um desafio de continuidade!


Mas, de que forma em com que propósito se expressaria o enfrentamento desse desafio?


Em duas tarefas. A primeira e prioritária:


- na elaboração do projeto de Evento para atender a demandas do Edital da FAPERGS de apoio a eventos para ajudar no custei de despesas que teremos com a realização do Egatespo.


A segunda, não de menor importância:


- na indicação de coordenadores das reuniões paralelas de docentes, técnicos e auxiliares e estudantes que compõem a Programação de Trabalho do Evento, que se encarregarão de providenciar articulações com colegas desses conjuntos para definir o contorno final dessas atividades e mobilizar a militância desses segmentos, estimulando-os a uma participação no Egatespo, quando ele se realizar.


Neste sentido, respondendo a esse desafio, dando um “ponta pé inicial” solicitamos aos colegas que:


Manifestem-se suas disponibilidades ou indiquem colegas (com endereço de e-mail ou fone) que poderiam contribuir com essas tarefas, para podermos fazer contato.


NOTA:

*Nessa data (24.06.2020 ) publicamos no Blog do Instituto um texto sob o título “SOBRE A DATA DO V EGATESPO”. Nele reproduzimos a postagem “Apontando desafios 3 – Construindo Clareza quanto a data de realização do V Egatespo” feita no Grupo Egatespo do face. O referido texto é composto de cinco itens. No quinto sob o titulo COMUNICADO PÚBLICO SOBRE A TRANSFERÊNCIA DO EGATESPO, após discorrermos sobre como a questão de fixação de data vem ocorrendo no Evento ENATESPO destacamos:


“Isto posto como esclarecimento ao desenrolar da organização do nosso EGATESPO é posição da Coordenação do Instituto Flávio Luce que alimentar a continuidade das discussões que vem ocorrendo para marcação de nova data para o evento é desgastante e nos tira do foco de ocupação na sua preparação.

Além disso, deve se ter em conta, também, que a evolução da crise pode nos levar a necessidade futura de novas mudanças de datas, e nos envolver, novamente, nesse tipo de ocupação decisória, que tende a se repetir.

Dessa forma, baseado nessa imprevisibilidade de evolução do cenário de crise, o meio mais seguro para evitar essas questões é, baseado nessa incerteza, fazer esta comunicação pública, de que:

O EGATESPO SERÁ REALIZADO SOMENTE EM 2021, EM DATA A SER FIXADA EM OPORTUNIDADE QUE SE TIVER UMA ANÁLISE MAIS FUNDAMENTADA DA EVOLUÇÃO E CONSEQÜÊNCIAS DA CRISE.

Isso permitirá que os nossos possíveis colaboradores estejam em condições de reavaliar suas condições de apoio e nossos colaboradores e conferencistas, ajustarem suas agendas sem que precisem, como agora, a cada alteração de datas ter de tentar adequá-las as nossas demandas, a medida em que forem se tornando necessárias.

De outra parte fica claro que nesse ínterim, por todos o meios possíveis, respeitando o princípio de defesa da vida em combate a pandemia, continuaremos ENFRENTANDO DESAFIOS em nosso TRABALHO DE ORGANIZAÇÃO DO V EGATESPO, até mesmo porque a conjuntura de crise política e ecônomica que se instala a cada dia com maior gravidade no país, exigirá de todos nós, como cidadãos trabalhadores sócias da saúde, o protagonismo em defesa da democracia e da justiça social.

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